Ao tentar defender o ministro Lupi, apontado pela Folha como funcionário-fantasma da Câmara, onde deveria dar expediente entre 2000 e 2006, o líder do PT Cândido Vaccarezza faz uma das mais contundentes defesas do desperdício do dinheiro público que eu já ouvi.
“Para salvar o ministro-fantasma, ele diz que muitos funcionários de deputados jamais colocaram o pé na Câmara dos Deputados. Verdade.”
Não pisaram porque, segundo ele, eles ficam em seus estados. Mas a verdade também é que, na maioria das vezes (e isso qualquer contínuo do Congresso sabe) esses escritórios não têm atividade parlamentar, mas essencialmente eleitoral. São escritórios de campanhas mantidos com o dinheiro público.
“Verdade. O que Lupi fez não é novo. É comum, faz parte das regras do jogo. Todos aceitam porque já nem percebem o desvio como errado.”
Apenas o fato de um ministro do Trabalho que ganhou de um emprego sem trabalhar, independentemente de qualquer outra consideração sobre desvio de verbas, já seria caso de demissão.
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Suspeito que estejamos tocando apenas a ponta mais superficial de um escândalo. Há anos recebo informações de que verbas destinadas a sindicatos para formação profissional são usadas em cursos que não prestam, não funcionam direito porque estão distantes do mercado de trabalho ou simplesmente não existem.
Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.
Fonte: Folha de s.Paulo